INTRODUÇÃO
A história, dirão alguns, é o domínio do conhecimento humano onde o futuro do pretérito e o do subjuntivo não existem. Para os puristas, o gênero denominado História Alternativa está bem mais vinculado à literatura que à própria ciência histórica.
No entanto, durante décadas se disse o mesmo da ficção científica. As obras de Jules Verne e H. G. Wells, para citar os mais famosos autores do gênero que viveram antes da Era Espacial, nunca eram citados em veículos de divulgação científica, e o próprio Isaac Asimov, cientista competente e ficcionista científico primoroso, enfrentou preconceitos ao se aventurar por esta senda. O progresso da tecnologia então fez o milagre: concretizou, e em alguns casos até mesmo extrapolou os limites do que pouco tempo antes era considerada fantasia sem nexo algum com a realidade.
Mas o passado, ao contrário do futuro, não é uma loteria de eventos mais e menos plausíveis. Ele já aconteceu, e o que resta àqueles que o estudam é desvendá-lo, interpreta-lo, relaciona-lo ao presente, ao futuro ou a outras épocas que o precederam. O que dota a História Alternativa de uma fragilidade que sua congênere científica jamais possuiu: enquanto esta é o reino do que talvez aconteça, a primeira é o reino do que talvez teria acontecido. Uma é o que porventura venha a se realizar, a outra é o que porventura jamais se realizou.
Ou não... O passado, apesar de já congelado na estrutura do tempo e registrado nos anais da história, às vezes revela segredos que levam a mudanças de paradigmas em diversas áreas do conhecimento. Tome-se como exemplo a história de Vinland. Ela apareceu em narrativas épicas dos povos nórdicos por volta do século XIII, mencionando uma terra a oeste da Groenlândia que teria sido colonizada por escandinavos algumas centenas de anos antes. Durante séculos o relato foi considerado pura ficção, até que há quarenta anos um grupo de arqueólogos desencavou Vinland das entranhas da terra no leste do Canadá. O estilo arquitetônico, os teares e os utensílios de ferro não deixavam dúvidas: aquela fazendola enterrada em Newfoundland era mesmo uma povoação viking, e a datação radioativa comprovou inclusive que o sítio datava do século X, exatamente a época na qual as epopéias nórdicas situam a conquista dessa terra misteriosa a leste, numa época em que os europeus tinham medo de singrar as águas vastas do “Mar Tenebroso”, o nome que davam ao Atlântico. Hoje, a saga que até a época em que meu avô se sentou num banco de escola era tida como narrativa fantástica está registrada em todos os compêndios de história adotados como material didático em nosso sistema de ensino.
Por esse e outros motivos, a viagem desse blog pelas trilhas do plausível não concretizado começa com eles, os homens do norte que saíram de suas regiões inóspitas e geladas para aterrorizar a Europa cristã nos séculos IX e X, que colonizaram as ilhas polares e semipolares e que tentaram se estabelecer no continente americano muito antes que os ibéricos sonhassem com as riquezas d’além-mar. Como seria... Se os vikings tivessem colonizado a América? Esta é a primeira tentativa que faremos de construir um futuro que, se não existe, poderia muito bem ter existido. Espero contar com a ajuda dos que se interessam (ou não) pelo tema ao iniciar esse desafio.
João Philippe Lima, 20 de janeiro de 2007.
A história, dirão alguns, é o domínio do conhecimento humano onde o futuro do pretérito e o do subjuntivo não existem. Para os puristas, o gênero denominado História Alternativa está bem mais vinculado à literatura que à própria ciência histórica.
No entanto, durante décadas se disse o mesmo da ficção científica. As obras de Jules Verne e H. G. Wells, para citar os mais famosos autores do gênero que viveram antes da Era Espacial, nunca eram citados em veículos de divulgação científica, e o próprio Isaac Asimov, cientista competente e ficcionista científico primoroso, enfrentou preconceitos ao se aventurar por esta senda. O progresso da tecnologia então fez o milagre: concretizou, e em alguns casos até mesmo extrapolou os limites do que pouco tempo antes era considerada fantasia sem nexo algum com a realidade.
Mas o passado, ao contrário do futuro, não é uma loteria de eventos mais e menos plausíveis. Ele já aconteceu, e o que resta àqueles que o estudam é desvendá-lo, interpreta-lo, relaciona-lo ao presente, ao futuro ou a outras épocas que o precederam. O que dota a História Alternativa de uma fragilidade que sua congênere científica jamais possuiu: enquanto esta é o reino do que talvez aconteça, a primeira é o reino do que talvez teria acontecido. Uma é o que porventura venha a se realizar, a outra é o que porventura jamais se realizou.
Ou não... O passado, apesar de já congelado na estrutura do tempo e registrado nos anais da história, às vezes revela segredos que levam a mudanças de paradigmas em diversas áreas do conhecimento. Tome-se como exemplo a história de Vinland. Ela apareceu em narrativas épicas dos povos nórdicos por volta do século XIII, mencionando uma terra a oeste da Groenlândia que teria sido colonizada por escandinavos algumas centenas de anos antes. Durante séculos o relato foi considerado pura ficção, até que há quarenta anos um grupo de arqueólogos desencavou Vinland das entranhas da terra no leste do Canadá. O estilo arquitetônico, os teares e os utensílios de ferro não deixavam dúvidas: aquela fazendola enterrada em Newfoundland era mesmo uma povoação viking, e a datação radioativa comprovou inclusive que o sítio datava do século X, exatamente a época na qual as epopéias nórdicas situam a conquista dessa terra misteriosa a leste, numa época em que os europeus tinham medo de singrar as águas vastas do “Mar Tenebroso”, o nome que davam ao Atlântico. Hoje, a saga que até a época em que meu avô se sentou num banco de escola era tida como narrativa fantástica está registrada em todos os compêndios de história adotados como material didático em nosso sistema de ensino.
Por esse e outros motivos, a viagem desse blog pelas trilhas do plausível não concretizado começa com eles, os homens do norte que saíram de suas regiões inóspitas e geladas para aterrorizar a Europa cristã nos séculos IX e X, que colonizaram as ilhas polares e semipolares e que tentaram se estabelecer no continente americano muito antes que os ibéricos sonhassem com as riquezas d’além-mar. Como seria... Se os vikings tivessem colonizado a América? Esta é a primeira tentativa que faremos de construir um futuro que, se não existe, poderia muito bem ter existido. Espero contar com a ajuda dos que se interessam (ou não) pelo tema ao iniciar esse desafio.
João Philippe Lima, 20 de janeiro de 2007.